Ferrer e Furtado: A formação econômica de um espaço comum (1959-1963)).

Autores

  • Bruno De Almeida Gambert Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

DOI:

https://doi.org/10.46752/anphlac.23.2017.2760

Resumo

A proposta do artigo é comparar as obras La Economia Argentina, de Aldo Ferrer, e Formação Econômica do Brasil, de Celso Furtado com ênfase nos debates acadêmicos dos anos 1950-60 e privilegiando a visão que estes autores, situados no ambiente desenvolvimentista, lançam ao passado colonial. Nota-se que há contrastes entre os modos através dos quais cada um retrata o desenvolvimento econômico do seu país e para descrevê-los é fundamental estar atento ao período de produção dos estudos. No que tange à história econômica de ambas as nações, nos séculos XVI e XVII, eles apresentam a realidade colonial como um núcleo a partir do qual se configura o processo embrionário nacional, tanto no Brasil quanto na Argentina. Enquanto Furtado descreve o ciclo açucareiro no litoral que corresponde ao nordeste atual, Ferrer situa a atividade mercantil da área rio-platense no conjunto de territórios que formaram o Império Espanhol. Desta forma, revela-se o contraste entre a percepção de território vazio e de herança colonial ibérica. Almeja-se, por meio do cotejo das narrativas, evidenciar como estes intelectuais sul-americanos descrevem a trajetória de suas nações no contexto de meados do século XX.

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Biografia do Autor

Bruno De Almeida Gambert, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

Professor de História da América. Na Faculdade de Formação de professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Doutorando em História Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

Mestre no Curso de Pós-graduação em Desenvolvimento Agricultura e Sociedade. CPDA. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. 

Graduado em História. Universidade Federal Fluminense.

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Publicado

2018-02-23

Como Citar

Gambert, B. D. A. (2018). Ferrer e Furtado: A formação econômica de um espaço comum (1959-1963)). Revista Eletrônica Da ANPHLAC, (23), 285–313. https://doi.org/10.46752/anphlac.23.2017.2760